compositor tolo
de molduras e janelas.
como resignar-me quando sofro
emoldurada por portas entreabertas?
nesta prisão sem barras
obedecendo a essas palavras
me contento com brechas
quando posso abrir asas.
__
feliz do poeta
que nunca ouviu
confidência secreta
de sonhos proibidos
ou de beijos às abertas
__
distraído, despreocupado,
leve, mas com bagagem,
só, mas acompanhado
louco seu nome,
parece palhaço;
aquele que ri do trono,
o ridículo que expõem
o ridículo de quem se propõem
poderoso acima de todos.
__
vejo seu fantasma
pelas frestas
que você abriu
sua presença se projeta
desde o olhar que lhe cobriu
pelas portas entreabertas
__
sinto muito se lhe constranjo;
sinto mas não me importo.
não tenho culpa, nem medo.
meu silêncio nos afogaria
num quarto breve de frustração.
aqui ao menos brinco…
palhaço que se arrisca,
tropeço numa ingênua paixão.
__
antes fosse o corpo
rimaria seios e cheiros,
gosto e calor,
olhos e cabelos…
mas há caráter,
olhar que se abre,
atitude que se preserva.
há amizade na voz
e amor nas palavras.
__
abra asas, mulher;
liberte-se das molduras
muito pesadas pra você.
deixe as janelas e voe
pro céu que é seu.
nada pode te conter.
__
o palhaço tropeça e não cai,
ve-se o sorriso incontido;
máscara pintada.
a tristeza do louco
é parte da piada.
aquele músculo cansado
nalgum tempo a tinta escondia.
nunca teve graça…
agora outro tropeço,
mais uma risada.
__
o sorriso maroto em sua face vermelha
veio trazer um sonho, um segredo.
um tanto tonto tamanha a surpresa
vi seus passos lhe distanciando.
curioso, passei conjecturando
motivos e razões; besteira!
seduzir é sua natureza.
__
você gosta das maritacas?
só porque não lhe acordam
no fim da madrugada!
__
o prazer em seu sorriso
compartilha comigo
o contentamento satisfeito
da família e dos amigos
__
brinco com algo sério,
perigo real e constante
de apaixonar-me e apaixonar.
o desejo é como pão
cresce quando se divide.
poeta louco, inconsequente!
o forno está quente,
sabe o que vai assar?
__
tome dois corações amigos,
marine-os em olhares picantes
e gotas de perigo,
mexa a receita de quando em quando
com poemas, amor, e carinho.
no peito, já aquecido pelo desejo
coloque-os por pouco tempo;
há o risco de ver tudo perdido.
__
estas cartas,
amiga que quero,
são um jogo de palavras.
estas cartas,
amiga que quero,
são apenas poemas.
estas cartas,
amiga que quero,
ganham pernas…
__
… estas cartas
tomam seu destino
queira que lhe encontrem
lhe encontram por que quero…
… te quero
te tempero
com estes carinhos
antes de seu poeta
seu amigo
__
não lhe espero,
nem lhe peço
que venha.
as lembranças
não bastam.
mas são tudo
que tenho…
__